sábado, 7 de dezembro de 2013

Para este Natal sugerimos...

Ergueram-se os apropriagistas, - a fidalguia da classe – melhor encadernados, de gravata (até corrente de prata, este ou aquele (…) Ergueram-se os fulistas, figuras de fadiga mais apagadas, pálidas dos vapor tóxico das fulas, metidos em si mesmos, como que conscientes do rigor da sua insignificância como membros da classe. (…) E ergueram-se também os do grosso - os da lã – os mais menos, os párias dos párias, muito inseguros de si, visivelmente envergonhados entre a mais camaradagem. Desengonçados, pálidos, de fisionomias fixas, sem vida, sem expressão, mais pareciam figuras de cera num museu histórico.
CORREIA, João da Silva. Unhas Negras, S. João da Madeira, 2003, pág. 48
Inspirado num episódio verídico, decorrido na antiga Fábrica Nova, local onde hoje se encontra o Museu da Chapelaria, a obra “Unhas Negras” imortaliza e presta homenagem a um dos ofícios que esteve na génese da criação da identidade sanjoanense, o ofício de chapeleiro.
Na sua obra João da Silva Correia trata das dificuldades e miséria dos operários chapeleiros e das injustiças de uma sociedade desprovida de sentido humano e social. Os personagens que vão surgindo personificam, por um lado, os dramas sociais e as condições precárias de vida como as extensas famílias, a fome, a doença ou o desamparo na velhice destes operários, mas por outro, sublinham também a determinação, a tenacidade e o orgulho destes trabalhadores sanjoanenses. 
Este livro encontra-se disponível para venda na loja do Museu da Chapelaria.

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